Foto: Lucas Amorelli (Arquivo Diário)
O acordo entre prefeitura e a empresa nomeada pela Justiça para gerir o Clube Caixeiral foi um passo importante para tentar preservar o prédio, construído em 1926, mas cuja parte do telhado desabou em 2018.
A administradora judicial tem o mérito de conseguir fazer com que o município assuma sua responsabilidade em ajudar na busca de uma solução, já que tombou o prédio no patrimônio histórico. Ou seja, se reconhece a importância histórica e faz exigências, não poderia se omitir diante das dificuldades, pois o clube não tem dinheiro para bancar o laudo estrutural.
Pelo acordo, a prefeitura fará esse laudo, que definirá que medidas urgentes são necessárias (ou não) para evitar que o prédio ofereça riscos à população. No futuro, o clube terá de reembolsar o município. Em vistoria preliminar, a prefeitura informou que, mesmo antes do laudo, deve instalar, em breve, tapumes na Rua Alberto Pasqualini para proteger os pedestres e escorar o telhado para que ele não desabe.
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Venda ou aluguel do edifício é alternativa futura
A venda ou aluguel do prédio do Caixeiral ainda segue sendo uma solução futura possível para bancar a reconstrução do telhado e reforma. Segundo a advogada Francini Feversani, da administradora judicial nomeada pela Justiça para gerir o clube, a ação prioritária agora é justamente garantir a segurança da população que passa pelo local e a manutenção da integridade do prédio histórico. Outro passo, no futuro, será buscar uma alternativa para a reconstrução do edifício, que, por ser tombado pelo patrimônio histórico do município, deve ter a fachada e algumas características mantidas – mesmo que seja alugado ou vendido, com uso para outra finalidade.
A Justiça determinou que a administradora judicial fique por seis meses na gestão. Em abril, uma nova diretoria do Caixeiral foi eleita, com Luiz Fernando Schittler assumindo a presidência. Essa nova gestão entrou com contestação na ação judicial para pedir para assumir a administração do clube de fato. Ainda não houve resposta do Judiciário quanto a esse pedido.
Schittler afirmou que o interesse é reassumir o clube para levar adiante negociações para a venda do prédio, com objetivo de viabilizar a reconstrução e reforma.
No início do ano, a gestão anterior chegou a aprovar, em assembleia, uma autorização para negociar a venda do prédio para um grupo de Porto Alegre pelo valor de R$ 8 milhões. Porém, as negociações estavam ocorrendo, mas não chegaram a ser concluídas. Em abril, a Justiça nomeou a empresa administradora judicial como gestora do clube, mas Francini Feversani diz que não recebeu nenhuma proposta de interessados em comprar o prédio.
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Um clube é feito de pessoas, mas elas foram sumindo
É louvável que parte da população se preocupe com a manutenção do prédio do Caixeiral, para que evite-se algo mais grave com a estrutura. Porém, quem é responsável mesmo pelo destino do edifício são seus associados. Afinal, um clube é feito por pessoas, mas nas últimas décadas, o Caixeiral viu o número de associados ir se esvaindo.
As informações mais recentes dão conta de que, antes de interdição, não passava de 150 o número de associados, a maioria na condição de remidos (que não pagam mensalidade). Porém, como haveria somente 30 pagantes, a receita era insuficiente para bancar a reforma do prédio. Outras fontes de renda do Caixeiral eram o aluguel de espaços no interior, para um restaurante, e nos fundos, para um estacionamento e outro restaurante.
Infelizmente, como o Clube Caixeiral não teve novos atrativos para conseguir mais associados, a tendência é que ele acabe caminhando para a extinção. A menos que, com a venda do prédio histórico, a nova diretoria leve adiante o plano de construir uma nova sede, em outro local, com atrativos que façam mais pessoas se associarem.
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